Em nota enviada à imprensa a concelhia de Odivelas do Bloco de Esquerda partilhou a sua visão da visita ao Centro Cultural da Malaposta e da reunião com o vereador responsável pela cultura na câmara Municial de Odivelas sobre o processo de concessão da gestão e exploração do centro cultural. Abaixo podes ler a nota de imprensa na integra.
"Por decisão da Câmara Municipal de Odivelas, o Centro Cultural da Malaposta está neste momento em processo de concessão. O deputado Jorge Campos bem como o grupo municipal do Bloco de Esquerda Odivelas, pediram por isso uma reunião (efetuada ontem, 13/9) ao Vereador Edgar Valles, eleito pelo Partido Socialista, para apresentarem algumas dúvidas sobre a concessão.
A Câmara Municipal de Odivelas encarregou a Consultora LIBER129 Consulting Lda, de apresentar uma análise sobre o modelo de gestão e viabilidade financeira do Centro Cultural, documento ao qual o Bloco teve acesso. É com base nesse estudo que o vereador para a Cultura, Edgar Valles, sustenta a razoabilidade da concessão. Segundo o estudo, a viabilidade financeira é garantida pela projeção de receitas próprias de 200 mil euros, dos quais, 170 mil são receitas de bilheteira de espetáculos de teatro. Aliado a um subsídio de exploração municipal de 280 mil euros para cobrir despesas fixas, as receitas criadas serviriam para financiar o orçamento de programação orçado em 152 mil euros. O problema é que nenhum teatro no país apresenta receitas a este nível. Numa simples projeção de €5 por bilhete, isto implicaria 34 mil entradas pagas por ano, cerca de 100 espetadores por dia incluindo segundas e terças-feiras. Um cenário irrealista para um teatro com 159 lugares. Para termo de comparação, nem sequer o Teatro Nacional Dona Maria II apresentou nos últimos anos receitas de bilheteira a este nível. Significa isto que, para garantir a programação sustentada da Malaposta sem criar défice operacional, alguma variável terá de se alterar: ou o município aumenta o subsídio de exploração, ou os salários descem, ou a programação é reduzida. Caso contrário, a Malaposta entrará em colapso ao final de alguns meses de concessão.
Perante estas dúvidas, o vereador assumiu simplesmente que não tinha resposta e era um dado novo sobre o qual teria de pensar.
Vai só pensar?
Ou seja, este modelo é falhado à partida e o município não sabia. É criticável que uma Consultora se preste ao serviço de martelar projeções financeiras para justificar uma concessão de um serviço público essencial, mas é manifesta incompetência e laxismo político a vereação da Cultura prestar-se ao serviço e assinar de cruz uma decisão tão perigosa para o Centro Cultural."
Após a visita à Malaposta, o deputado Jorge Campos participou num debate na sede da concelhia de Odivelas do BE. Num debate vivo, para lá das questões relacionadas com o concurso que está a decorrer, foi vincada a necessidade do Centro Cultural da Malaposta reforçar a sua identidade. "Um serviço público de cultura não pode ter por missão a rentabilidade económica", afirmou o deputado bloquista.