Na sessão da Assembleia Municipal de Odivelas de 3 de outubro, a bancada do Bloco de Esquerda apresentou um documento no qual se solidarizava com as razões da greve ocorrida na CP. A paralisação das e dos trabalhadores da área comercial da empresa pública teve lugar no dia 1 deste mês e pretendia chamar a atenção para a falta de profissionais nesse setor, apesar do acordo entre os representantes das e dos trabalhadores e o ministério da tutela para a contratação de 88 pessoas estar assinado há muito.
Na moção lembrava-se ainda a falta de investimento na CP durante as últimas décadas e que tem vindo a refletir-se na redução em quantidade e qualidade da oferta do serviço público de transporte pesado de passageiros.
O documento que saudava a greve das e dos profissionais da CP e se solidarizava com as suas reivindicações foi chumbado com os cotos contra de PS e CDS, a abstenção do PAN e os votos favoráveis do BE, da CDU e do PSD. Podes ler a moção em baixo.
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Considerando que:
1. As e os trabalhadores das bilheteiras e revisores da CP - Comboios de Portugal fizeram esta segunda-feira, 1 de outubro, uma greve de 24 horas contra a ausência de contratação de trabalhadores, de mais comboios e negociação para o contrato coletivo;
2. O Sindicato Ferroviário da Revisão Comercial Itinerante (SFRCI) informou em comunicado ter avançado para a greve em representação dos trabalhadores da carreira comercial e de transportes da CP. Esta paralisação teve também impacto em alguns turnos de domingo, 30 de setembro, e terça-feira, 2 de outubro;
3. Em comunicado, o sindicato critica o Ministério das Finanças por “bloquear os acordos entre o Ministério do Planeamento, a CP e o SFRCI”, deixando assim por contratar “88 trabalhadores para o comercial da CP (revisores, trabalhadores para as bilheteiras)”;
4. A greve registou uma forte adesão e provocou atrasos e supressões em centenas de comboios nas linhas urbanas de Lisboa, do Porto e de Coimbra, bem como nos restantes comboios alfa pendular, intercidades, internacionais, inter-regionais e regionais;
5. O setor ferroviário tem sido deixado para trás na definição das prioridades de investimento, nas últimas décadas, colocando em risco as empresas públicas dessa área, o direito à mobilidade e a qualidade e disponibilidade de um serviço público de transporte económica, ambiental e socialmente eficaz;
Assim, a Assembleia Municipal de Odivelas, reunida em plenário no dia 3 de outubro de 2018, delibera:
1. Saudar as trabalhadoras e trabalhadores que fizeram greve na passada segunda-feira, em defesa do serviço público e dos compromissos assumidos pelo Governo;
2. Apelar ao Governo para o cumprimento dos acordos com os sindicatos, promovendo a concretização do processo de contratação de 88 trabalhadores para a área comercial da CP:
3. Exortar o Governo a acelerar os investimentos previstos para o setor ferroviário, por forma a dotar o serviço público de qualidade e capacidade de resposta às necessidades das populações.
Enviar este documento a todos os Grupos Parlamentares da Assembleia da República, ao Governo, ao SFRCI e à comunicação social.