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PÓVOA DE SANTO ADRIÃO: BLOCO QUESTIONA CMO SOBRE CONDIÇÕES DE VIDA NO BARRUNCHO

Odivelas à frente do seu tempo

Barruncho, um bairro com olhos postos no futuro

 

 

 

O governo da cidade de Odivelas continua a surpreender com a sua visão futurista do que deve ser uma cidade sustentável. Depois de jardins que se mantêm sozinhos e pavilhões desportivos verdes, eis que é revelado o primeiro exemplo, a nível mundial, de um bairro completamente integrado na natureza: o Barruncho.

 

 

Mesmo antes de entrar na malha urbana do Barruncho, apercebemo-nos da generosidade da CMO para com as gerações futuras deste bairro. O verde domina o ambiente. Ao contrário da construção do século passado, é por entre a vegetação densa que conseguimos vislumbrar os primeiros telhados das pequenas casas. Os caniços (Phragmites australis) são dominantes. São um exemplo de paisagem produtiva, pois estes são usados pelos habitantes das mais diversas formas, desde a horta à construção das próprias habitações.

 

 

 

Ao penetrarmos a malha orgânica do bairro temos outra surpresa. Os arruamentos foram pensados dando prioridade à circulação pedonal. Tal como em cidades supostamente mais evoluídas, no Barruncho não se usam carros. A deslocação é feita a pé por caminhos permeabilizantes, em terra crua, que evitam enxurradas e  enchentes.

 

Para evitar que as e os cidadãos se sujem ao caminharem pelo bairro,  foram depositados restos de entulho pelos caminhos, presumivelmente oriundos de bairros ilegais que não cumprem os   requisitos mínimos de habitabilidade e que foram demolidos.  O nosso caminho é constantemente cruzado por galinhas (Gallos domesticus), que no lufa-lufa que as caracteriza, vão limpando as ruas de pequenos insetos e ervas daninhas. Os seus dejetos são levados pelas chuvas e são usados, mais abaixo, nas hortas, como fertilizante.

 

 

As casas são um exemplo extremo de construção sustentável. Todas elas são feitas de materiais reutilizados. Nada do que compõe a estrutura da habitação se pode dizer que seja a estrear. Tudo já foi usado numa outra situação qualquer. O desenho destas casas promove a reutilização de águas das chuvas para as necessidades básicas dos seus habitantes. Entra no interior das habitações e é usada nos mais variados fins.  São casas económicas até nos consumos de energia e água.

 

Quinta Pedagógica

 

Mais abaixo encontramos as hortas e o parque pedagógico na natureza. Aqui existem hortas, alimentadas pelas águas reaproveitadas dos caminhos e das casas. Num local vedado, para onde esteve projetado um mundano parque infantil, existe agora uma quinta onde vagueiam ovelhas. Aqui se podem observar os animais, aprender com eles, e deles aproveitar as lãs para os têxteis, o leite e a carne para alimentação.

 

 

Parque Ciência Viva

 

Existe também um pequeno laboratório de experimentação Física, onde os mais pequenos podem aprender mais sobre eletricidade e os seus benefícios.

 

 
 

 

 

E como se pode observar pelas fotografias abaixo, não é só o Concelho que se encontra à frente do seu tempo. O próprio Barruncho desenvolveu técnicas avançadas para que o Mundo esteja bem conectado com ele. Nós próprios do Bloco de Esquerda soubemos, de fonte segura, que algumas empresas dos EUA e asiáticas de tecnologia avançada se teriam (clandestinamente) deslocado ao bairro para observar in loco este progresso.

 

 

Capacitação dos habitantes

 

À primeira vista, as e os mal intencionados poderão olhar para a fotografia que se segue e pensar que a Câmara Municipal se estava a aproveitar da amabilidade desta população, para despejar entulho num local tão privilegiado como aquele que limita estas duas freguesias (Odivelas e Póvoa).  Puro engano!

O executivo, sabendo das dificuldades que poderá haver para uma ou outro habitante em arranjar trabalho nas suas horas livres (como devem já estar a adivinhar, o pleno emprego é a realidade de um bairro que desperta alegremente pelo romper da aurora e que facilmente consegue chegar para jantar graças à rede de transportes postos ao serviço desta população) tratou de desenvolver uma Escola de Formação de Calceteiros e, assim,  contribuir para o não desaparecimento quer da profissão, capacitando quem assim o desejar, como da própria Calçada Portuguesa.

Parque de Estacionamento

 

Normalmente os bairros de realojamento são construídos, habitados e só muito mais tarde, após muitos anos de degradação dos espaços comuns e quando a autoestima por eles já é nenhuma, é que se constroem (e a conta gotas) as infraestruturas.  Como fomos dando conta, tal

não foi assim aqui neste empreendimento. Para mais, sabendo das dificuldades de que Odivelas padece para ter lugares de estacionamento para as e os poucos cidadão que teimam em utilizar transporte próprio, apesar da grande oferta existente (como todas e todos os odivelenses bem sabemos quando necessitamos de nos deslocar dentro do concelho, para os centros de saúde por exemplo,  ou mesmo para fora dele, nomeadamente para o Hospital Beatriz Ângelo).

Por isso reparem no cuidado que o município teve para dotar este conjunto habitacional de tão importantes estruturas, mantendo o cuidado de espalhar a vegetação tão característica do local aproveitando algumas espécies que se desenvolvem na Quinta Pedagógica.

 

 

 
 



Eis outro exemplo de passeios em perfeita simbiose entre o Ambiente, a Ciência e as pessoas

 

 

Para finalizar gostaríamos de congratular a CMO pela coragem de desistir de planos ultrapassados e dar um passo em frente, rumo a um futuro onde todas e todos seremos mais felizes.

Os resquícios de um bairro pouco amigo do ambiente e das populações, ainda lá estão.

Os arruamentos do antigo/novo bairro foram abandonados em prol de uma solução com os olhos postos no futuro, em que as necessidades das populações são garantidas através da reutilização dos recursos, e de uma constante preocupação com a natureza.

 

 

É com soluções deste tipo que conseguiremos fazer de Odivelas um concelho de futuro e uma terra cheia de oportunidades.

 

 

 

Requerimento

 

 

Atendendo ao que foi observado pelo Bloco de Esquerda, perguntamos:

 

1 –Tem a Câmara mantido o contacto e a informação à população do Barruncho ou ela está completamente afastada do conhecimento do que se irá passar (2009 já foi há uns tempos...) com as suas vidas?

 

2 -Dada a importância do conhecimento que elas deveriam ter sobre o seu futuro próximo (as conferências sobre o Orçamento Participativo deveriam servir para algo), para quando um debate aprofundado com as populações?

 

3 –Enquanto este processo se (não) vai desenrolando, o que pensa a Câmara (Junta?) fazer para minorar as muito más condições de limpeza, higiene e outros serviços tão necessários às e aos seus habitantes?

 

4 –  E porque será que no interior do bairro não existem recipientes para a recolha do lixo?

 

5 – Numa das fotos do “parque de estacionamento” pode-se ver uma enorme grua que se encontra a apodrecer (resquícios das “obras”). Estará a Câmara à espera que ela caia por si e que, quando isso acontecer, haja a sorte de não desabar sobre nada nem ninguém?

 

 

 

Pelo Bloco de Esquerda

 

 

Os deputados Municipais

José Falcão

João Curvêlo

 

 

O eleito da Ass. de Freguesia

Fernando Oliveira

 

Odivelas, 22 de Dezembro de 2014