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ODIVELAS: APRESENTAÇÃO DE CANDIDATURAS AUTARQUICAS

Perante um pavilhão completamente cheio, com mais de uma centena de pessoas, o Bloco de Esquerda apresentou os seus primeiros candidatos à Câmara Municipal e Assembleia Municipal de Odivelas.

Nas suas intervenções, os candidatos à Câmara Municipal e à Assembleia Municipal de Odivelas, João Curvelo e José Falcão, respetivamente, fizeram um balanço do mandato do executivo camarário, tendo sido referido o despesismo desta autarquia, ao mesmo tempo que são abandonados projetos de interesse para a população.Cláudia Elias, candidata independente que também integra a lista do Bloco à Câmara Municipal de Odivelaas, frisou que participar neste "projecto do Bloco de Esquerda representa um grande desafio mas também uma honra.

O coordenador do Bloco de Esquerda João Semedo acusou o Governo de querer “aplicar um golpe de magia e fingir que acabou o tempo de austeridade”. “Não existe nenhum corte com a austeridade, mas sim um reforçar de austeridade”, frisou João Semedo, que deixou ainda bem claro que “não há qualquer discrepância entre PSD e CDS-PP sobre cortes nas pensões”.

 

 João Curvêlo defende que “onde há bloco central não há política de esquerda”

João Curvêlo, cabeça-de-lista à Câmara Municipal, fez duras críticas à coligação entre PS e PSD, afirmando que “não se pode dizer uma coisa quando se está na oposição e fazer exatamente o seu contrário quase se governa uma das maiores câmaras municipais do país”.

O Bloco de Esquerda traçou três objetivos para estas eleições: eleger pela primeira vez um vereador na Câmara Municipal, reforçar o trabalho na Assembleia Municipal e ganhar representação nas quatro freguesias. Considerando que faz falta uma voz “que defenda uma política ecológica de desenvolvimento urbano e que coloque a participação como condição da própria democracia”, João Curvêlo anunciou que o Bloco apresentará nas próximas semanas um programa eleitoral com “cerca de duzentas medidas concretas para transformar o concelho de Odivelas”.

Entre essas medidas ocupa lugar de destaque a questão da habitação e o combate à “betonização da cidade”. Por considerar que a nova Lei do Arredamento é “um ataque contra todas as gerações”, o candidato do Bloco defendeu uma política de reabilitação urbana e a criação de um Plano Diretor Municipal para “poder recuperar o direito a respirar”.

 A Rádio Cruzeiro falou com João Curvêlo

 

 Cláudia Elias considera que “a água é um bem essencial que não pode ser objeto de negócio”

Na apresentação das candidaturas do Bloco de Esquerda à Câmara Municipal e Assembleia Municipal de Odivelas, Cláudia Elias, candidata independente na lista do Bloco censurou a privatização da água no concelho, tecendo fortes críticas à decisão do executivo PS-PSD.

Foi perante um Pavilhão cheio, com mais de cem pessoas, que o Bloco de Esquerda apresentou as candidaturas autárquicas a Odivelas. Para além dos primeiros candidatos à Câmara Municipal e Assembleia Municipal, interveio também a candidata independente Cláudia Elias. A trabalhadora dos SMAS, licenciada em Comunicação Social, defendeu que “na mão de uma empresa privada, a água garante o lucro de uma minoria económica à custa dos cidadãos”. A candidata lembrou ainda os casos de Paços de Ferreira, Marco de Canaveses, Barcelos ou Faro para dizer que “os preços dispararam e algumas autarquias foram condenadas a grandes multas por tribunais arbitrais”.

Recorde-se que a Câmara Municipal de Odivelas decidiu, com os votos de PS e PSD, concessionar por 30 anos a distribuição de água a privados. Na Assembleia Municipal, o Bloco de Esquerda votou contra esta proposta, apresentando quatro pontos para uma gestão pública e para a salvaguarda dos postos de trabalho.

 

 João Semedo afirma que “Não há qualquer discrepância entre PSD e CDS sobre cortes nas pensões”

Durante a apresentação de candidatura autárquica de Odivelas, que teve lugar no Pavilhão Polivalente deste concelho, o coordenador do Bloco de Esquerda teceu críticas às medidas de incentivo fiscal ao investimento apresentadas na quinta feira pelo ministro das Finanças Vítor Gaspar, frisando que o Governo pretende “aplicar um golpe de mágica”.

“Há muito tempo que estava negociado com a Sra Merkel este investimento na economia nacional. É um investimento muito interesseiro, porque é exactamente assim, com esta circulação de capitais, que se constrói uma Europa a duas velocidades, ou seja, os países que têm défices alimentam os superavits dos outros”, avançou João Semedo.

Segundo o coordenador do Bloco de Esquerda, “este financiamento que agora é prometido à economia portuguesa significa, de facto, que um país mais fraco, mais débil e em dificuldades, vai alimentar o capital, as finanças do país que domina hoje a política na Europa – a Alemanha. E, por isso, esse programa de investimento de um banco público alemão na nossa economia não significa outra coisa que não seja, mais uma vez, uma ajuda interesseira”.

“Há em Pedro Passos Coelho e no Governo uma tentativa de aplicar um golpe de magia e fingir que acabou o tempo de austeridade e que agora é altura de crescer. Não existe nenhum corte com a austeridade, mas sim um reforçar de austeridade”, afirmou, adiantando que o que o executivo pretende fazer, “falando tanto da economia e da felicidade com que vai encher as empresas do país, é fazer deslocar a nossa atenção da segunda vaga de austeridade, mais brutal ainda, que está em preparação”, e que atingirá essencialmente os funcionários públicos e reformados pensionistas.

Para João Semedo, o “jogo político sobre o presente e o futuro dos reformados e dos pensionistas” levado a cabo pelo governo “ é desumano e, por isso, indecoroso, lastimável e lamentável”, sendo que “não há qualquer discrepância entre PSD e CDS-PP nesta matéria”. “Toda esta querela, toda esta mistificação em torno das reformas e das pensões pretende fazer esquecer essa concordância”, referiu.

Na realidade, e conforme avançou o dirigente bloquista, “o governo já decidiu aplicar uma sobretaxa sobre as reformas e as pensões”, ainda que tenha vindo a avançar que só aplicará esta medida em “último recurso”. “Num governo cujo primeiro recurso, de há dois anos a esta parte, é sempre ir ao bolso dos cidadãos, incluindo os pensionistas e reformados, alguém acredita que só em último recurso vão impor essa taxa?”, questionou o deputado.

Referindo-se à entrevista dada por Miguel Sousa Tavares ao Jornal de Negócios sob o título "Beppe Grillo? Nós já temos um palhaço. Chama-se Cavaco Silva”, e que levou o presidente da República a pedir a abertura de um inquérito à Procuradoria Geral da República, o coordenador nacional do Bloco de Esquerda frisou que este episódio teve “alguma piada, mas pouca relevância política”.

“Para o Bloco de Esquerda, Cavaco Silva sempre foi um mau presidente da República”, adiantou, lembrando que, este, “tem suportado um governo – do PSD/CDS-PP – que tem desgraçado o país e que tem destruído a vida de milhares e milhares de famílias”.

“Mas para dizermos que Cavaco Silva é um péssimo presidente da República não precisamos de compará-lo com ninguém e, muito menos, compará-lo com aqueles que merecem toda a nossa simpatia, como é o caso dos palhaços”, ironizou o dirigente bloquista.

 

A par da componente política, a sessão de apresentação das candidaturas autárquicas do Bloco de Esquerda contou com a animação musical de Victor Sarmento e Paula Cruz, que interpretaram alguns clássicos da música portuguesa. O comício encerrou com a atuação dos Gata Funk que, durante cerca de uma hora, apresentaram originais.